
Prova Digital: O Que É e Como Funciona
A prova digital é qualquer informação armazenada ou transmitida por meios eletrônicos utilizada para comprovar fatos em processos judiciais. Para ser válida, deve ter autenticidade e integridade comprovadas.

Giulia Soares
07 de agosto de 2025
6 min de leitura

Giulia Soares
07 de agosto de 2025
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Prova digital no processo: o que é, como funciona e quando ela é válida
A prova digital tornou-se um elemento cada vez mais presente nos processos judiciais, seja na esfera cível, criminal ou em outras áreas do Direito.
Com a crescente digitalização das relações sociais, a atuação dos advogados precisa estar atualizada quanto aos critérios legais e técnicos que garantem a validade da prova produzida por meios eletrônicos.
Neste artigo, vamos abordar o conceito de prova digital, os requisitos de autenticidade e integridade exigidos pela legislação, os cuidados na obtenção e utilização desse tipo de prova, além de exemplos práticos e orientações para a atuação jurídica eficaz.
O que é prova digital?
A prova digital é toda informação armazenada ou transmitida por meios eletrônicos que pode ser utilizada no processo judicial para comprovar um fato relevante. Enquadram-se nesse conceito:
- E-mails e mensagens de aplicativos;
- Fotografias e vídeos digitais;
- Registros de acessos a sistemas (logs);
- Documentos eletrônicos assinados digitalmente;
- Extratos de bancos de dados, entre outros.
O uso da prova digital tem aumentado exponencialmente, exigindo maior atenção de advogados, juízes e peritos quanto à sua origem, autenticidade e integridade.
Prova digital tem valor jurídico?
Sim, a prova digital tem valor jurídico, mas sua eficácia depende do cumprimento de determinados requisitos legais. A jurisprudência e a doutrina reconhecem sua admissibilidade, desde que:
- A origem seja comprovada;
- Haja segurança quanto à integridade dos dados;
- Não existam indícios de adulteração ou falsificação;
- Os dados estejam preservados conforme a legislação processual.
A Medida Provisória nº 2.200-2/2001 (ICP-Brasil), a Lei nº 11.419/2006, a Lei nº 14.063/2020 e o Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015) são os principais marcos legais sobre o tema.
Autenticidade e integridade: os pilares da validade da prova digital
Dois conceitos são fundamentais para a aceitação da prova digital no processo:
- Autenticidade: diz respeito à identificação segura do autor da informação.
- Integridade: refere-se à certeza de que o conteúdo não foi alterado desde sua criação.
Sem essas garantias, a prova digital pode ser questionada e até mesmo descartada judicialmente. Por isso, a cadeia de custódia e a preservação técnica dos dados são essenciais.
Documentos eletrônicos e assinaturas digitais: o que observar?
Um dos meios mais eficazes de comprovação da autenticidade de documentos eletrônicos é o uso da assinatura digital com certificado ICP-Brasil. Esse mecanismo utiliza criptografia assimétrica para assegurar que:
- O documento foi assinado por determinada pessoa;
- Seu conteúdo não sofreu qualquer alteração.
Entretanto, a prática forense ainda enfrenta desafios como:
- Impressões de tela sem metadados;
- Reproduções de assinaturas digitalizadas (sem valor legal);
- Ausência de certificação ou validação por perito.
O ideal é que todo documento digital seja apresentado em seu formato original e com a assinatura válida, além de, se necessário, ser acompanhado de ata notarial ou submetido à perícia.
Como utilizar prova digital de bancos de dados?
Provas extraídas de bancos de dados — como registros de sistemas, logs de acesso ou históricos de transações — também têm valor probatório, desde que sigam critérios específicos:
- O conteúdo deve ser extraído por pessoa ou entidade idônea;
- Deve haver atestado de conformidade com os dados originais;
- O procedimento de extração deve ser documentado;
- A integridade deve ser comprovada por certificação ou perícia.
Se o extrato digital for impugnado, o juiz poderá determinar a realização de prova técnica pericial, nos moldes do art. 464 e seguintes do CPC.
Provas obtidas forçadamente: cuidados e limites
No âmbito criminal, é comum o uso de provas digitais obtidas por meio de apreensão de dispositivos eletrônicos. Nesse caso, alguns cuidados são indispensáveis:
- Garantia da cadeia de custódia (registro de quem manuseou o material);
- Lacração e armazenamento adequado;
- Acompanhamento da extração dos dados por perito oficial;
- Controle jurisdicional da validade técnica da prova.
A falta desses cuidados pode invalidar a prova e comprometer a investigação ou o processo judicial.
O que diz a jurisprudência sobre prova digital?
Os tribunais, em diversas decisões, têm reconhecido a validade de provas digitais desde que comprovada sua origem e integridade.
No entanto, provas com fragilidades técnicas, como prints de tela sem metadados ou documentos com assinaturas digitalizadas, têm sido desconsideradas por ausência de confiabilidade.
No caso Lorraine v. Markel American Insurance Co., citado como referência internacional, a corte exigiu prova técnica sobre a criação e a cadeia de custódia das informações digitais. O precedente reforça a importância do zelo técnico e processual na produção da prova digital.
Como o advogado pode garantir a validade da prova digital?
Para garantir a eficácia da prova digital no processo, o advogado deve:
- Exigir documentos com assinatura digital válida;
- Preferir arquivos eletrônicos originais, evitando impressões;
- Produzir atas notariais, quando necessário;
- Requerer perícia técnica, se houver impugnação;
- Zelar pela cadeia de custódia da prova, especialmente em ações criminais.
Essas medidas reforçam a credibilidade da prova e evitam nulidades processuais.
Considerações finais
A prova digital já é uma realidade consolidada no cenário jurídico, mas seu uso ainda exige cuidado técnico e atenção aos requisitos legais.
Não basta simplesmente anexar prints ou arquivos digitais aos autos — é preciso assegurar que esses elementos são autênticos, íntegros e confiáveis.
Para os advogados, estar atualizado sobre as regras de admissibilidade e os meios de produção da prova digital é essencial para garantir a eficácia da argumentação e a segurança jurídica dos seus clientes.
O conteúdo desta página refere-se à legislação vigente no momento da publicação.
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