
Desconsideração da Personalidade Jurídica: Requisitos Legais e Principais Fundamentos
A desconsideração da personalidade jurídica é um instrumento jurídico que permite ao juiz afastar a separação entre os bens da empresa e os bens dos sócios ou administradores, quando essa separação é usada de forma indevida.

Giulia Soares
19 de maio de 2025
5 min de leitura

Giulia Soares
19 de maio de 2025
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O que é a desconsideração da personalidade jurídica?
A personalidade jurídica é a ficção legal que confere autonomia patrimonial à empresa, separando os bens da pessoa jurídica daqueles de seus sócios. No entanto, essa separação não é absoluta.
Quando há fraude, abuso de direito, desvio de finalidade ou confusão patrimonial, o juiz pode autorizar a desconsideração da personalidade jurídica, permitindo que os bens dos sócios ou administradores sejam atingidos para satisfação da dívida.
Fundamentos legais da desconsideração da personalidade jurídica
O principal fundamento legal da desconsideração da personalidade jurídica no direito civil está no art. 50 do Código Civil, que adota a Teoria Maior.
De acordo com o dispositivo:
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.
Além disso, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) traz a Teoria Menor, mais ampla, permitindo a desconsideração sempre que a pessoa jurídica for obstáculo ao ressarcimento dos prejuízos causados ao consumidor, ainda que não haja comprovação de fraude ou abuso.
Teoria maior e teoria menor: Entenda a diferença
- Teoria Maior (art. 50 do Código Civil): Aplica-se em relações civis e empresariais. Requer prova de fraude, desvio de finalidade ou confusão patrimonial.
- Teoria Menor (art. 28 do Código de Defesa do Consumidor): Aplicável nas relações de consumo e, em determinadas hipóteses, também em processos trabalhistas. Basta que a personalidade jurídica represente um entrave à reparação de danos ou haja o inadimplemento das obrigações.
Para o advogado, conhecer a distinção entre essas teorias é essencial para definir a estratégia processual adequada à natureza da relação jurídica analisada.
Quando é possível pedir a desconsideração?
A desconsideração da personalidade jurídica pode ser requerida em diversas situações, tais como:
- Fraudes contra credores;
- Ocultação patrimonial por meio da empresa;
- Utilização da empresa como fachada (empresa de papel);
- Mistura de bens entre pessoa jurídica e sócios;
- Encerramento irregular das atividades empresariais.
O pedido pode ocorrer na fase de conhecimento, cumprimento de sentença ou execução, conforme disciplinado nos artigos 133 a 137 do CPC.
Procedimento da desconsideração da personalidade jurídica no CPC
O Código de Processo Civil determina que o pedido de desconsideração deve observar os seguintes requisitos:
- Instauração por meio de incidente processual;
- Garantia do contraditório e ampla defesa ao sócio ou administrador afetado;
- Decisão fundamentada sobre a presença dos requisitos legais (fraude ou confusão patrimonial).
O sócio ou terceiro afetado será citado para se manifestar em 15 dias, podendo apresentar provas e argumentos contrários à desconsideração.
Desconsideração inversa da personalidade jurídica
Na chamada desconsideração inversa, o objetivo é atingir os bens da empresa para satisfazer dívidas pessoais do sócio.
Isso ocorre, por exemplo, quando o devedor transfere seu patrimônio para a pessoa jurídica como forma de ocultação ou blindagem patrimonial.
Essa modalidade também está prevista no CPC e pode ser requerida sempre que a pessoa jurídica for usada como instrumento de fraude contra os credores pessoais do sócio.
Como provar os requisitos para desconsideração?
A atuação estratégica do advogado é essencial na coleta e apresentação das provas. Entre os elementos que podem ser utilizados estão:
- Extratos bancários e movimentações financeiras;
- Escriturações contábeis e fiscais;
- Contratos e transferências de bens entre sócio e empresa;
- Depoimentos e comunicações internas da empresa;
- Documentos que revelem encerramento irregular das atividades.
Jurisprudência atualizada sobre desconsideração
Os tribunais têm reconhecido, com frequência, a desconsideração da personalidade jurídica em hipóteses de má-fé, desvio de finalidade e ocultação patrimonial.
A tendência da jurisprudência é ampliar o alcance desse instituto, especialmente quando há indícios concretos de prejuízo ao credor.
É importante que o advogado se mantenha atualizado com as decisões mais recentes para embasar seu pedido com precedentes favoráveis.
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Considerações finais
A desconsideração da personalidade jurídica é uma ferramenta poderosa na defesa dos interesses dos credores, especialmente quando a empresa é utilizada como escudo para práticas ilícitas.
Para o advogado, dominar os fundamentos legais, conhecer o procedimento e utilizar tecnologia para embasar a prova são diferenciais decisivos para alcançar o patrimônio dos responsáveis.
Aproveite os recursos oferecidos por plataformas como a Lawdeck e atue com mais segurança, agilidade e precisão na condução dos casos que envolvem a desconsideração da personalidade jurídica.
O conteúdo desta página refere-se à legislação vigente no momento da publicação.
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